Definição: É uma doença infecciosa, causada pelas bactérias gran-negativas pertencentes aos gêneros Ehrlichia sp. e Anaplasma, um parasita intracelular obrigatório. As espécies destes gêneros causam várias doenças em animais e seres humanos. As diferentes erliquioses podem parasitar leucócitos, eritrócitos e plaquetas levando a alterações em vários órgãos. Essa doença vem tornando-se a cada dia mais comum entre os cães, não escolhendo raça, sexo ou idade e nem mesmo classe social. Há cães infectados que vivem desde sítios, casas, ruas ou até apartamentos.
Transmissão: Ocorre pela picada do carrapato marrom do cão, Rhipicephalus sanguineus, que ao realizar o repasto sanguíneo, inocula secreções salivares contaminadas pelo parasita. Também é possível que os cães com erliquiose estejam infectados concomitantemente por outros agentes causadores da doença do carrapato como Babesia spp. e Hepatozoo spp, uma vez que este mesmo carrapato pode transmitir tais organismos.
Importante! Qualquer carrapato pode por em risco a saúde dos animais e algumas espécies são perigosas até para os humanos.
Sinais Clínicos: Destacam-se, na fase aguda, febre, diminuição ou ausência de apetite, seleção de alimentos, apatia, sonolência, dificuldade em caminhar ou levantar-se, desânimo, e alterações oculares (conjuntivite, mudança de cor) e na fase crônica, perda de peso, palidez de mucosa, icterícia, tendência a hemorragias (nasal, vaginal, junto às fezes ou urina), aumento do volume abdominal (baço e fígado), respiração ofegante, convulsões.
Após a fase aguda da doença, o animal pode entrar em uma fase chamada de “subclínica”, ou seja, sem apresentar sintomas, mantendo o animal portador por meses ou até anos.
Diagnóstico: Baseiam-se nos sinais clínicos, histórico de mudança de comportamento e presença de carrapatos (não necessariamente são vistos). As alterações laboratoriais frequentemente envolvidas incluem diminuição de plaquetas, diminuição de linfócitos, anemia, hiperglobulinemia, dentre outras. Às vezes, a pesquisa do parasita no sangue pode dar positiva, no entanto, a ausência dos parasitos no hemograma não descarta a infecção. Testes sorológicos também são eficazes. Hoje já contamos com testes rápidos (feitos na própria clínica) capazes de detectar o animal portador com apenas uma gota de sangue.
Tratamento: Os medicamentos que apresentam melhores resultados são as tetraciclinas, dentre elas a doxiciclina. Outro medicamento, o dipropionato de imidocarb poderá ser indicado ou não pelo Médico Veterinário, nas dependências de fatores como recidivas e dificuldade na resposta à doxiciclina. O início do tratamento é difícil, principalmente quando os pacientes não estão se alimentando, portanto nesses casos podem-se administrar os medicamentos junto a alimentos atrativos, como carne, fígado bovino, patês enlatados e outros ou diluídos em água e fornecidos diretamente na boca com ajuda de seringa.
O controle dos carrapatos nos animais e no ambiente torna-se indispensável, mesmo que os parasitos não sejam vistos, já que não há vacinas para a prevenção e devido ao grande número de reinfecção.
Muitas vezes, devido aos sintomas secundários como vômito, diarreia, desidratação, anemia e outros, há necessidade de internação para o tratamento de suporte, como soro intravenoso e transfusão de sangue.
Prognóstico: Depende do tempo em que é diagnosticada a doença e consequentemente tratada, da imunidade de cada animal bem como a imunização de doenças secundárias que podem aproveitar-se da queda na resistência, na administração correta dos medicamentos pelo proprietário e na resposta individual de cada animal doente. Dependendo da gravidade, o animal poderá apresentar paralisia de órgãos como o fígado e rins, ou falência na produção de células sanguíneas pela medula óssea, levando-o a óbito.
Prevenção: Como ainda não existem vacinas, a única forma de prevenção é o controle dos carrapatos, nos animais e no ambiente, com produtos que podem ser indicados pelo Médico Veterinário. Para evitar outras doenças, que inclusive são oportunistas, é indicado um plano de vacinação com vacinas múltiplas anualmente.